Fórum das águas de Jaú

Texto por Fernanda Ubaid


Brasil tem presenciado eventos climáticos intensos e extremos, como fortes chuvas, temperaturas altas, longos períodos de estiagem, enchentes, deslizamentos de terras e ameaças de rompimento de barragens. No fim de 2021 e começo de 2022, vimos eventos catastróficos com vidas perdidas em Minas Gerais, Rio de Janeiro, Bahia e outros estados. No interior de São Paulo, eventos semelhantes também têm sido registrados há tempos.

No final de semana de 30 de janeiro, Jaú registrou o pior evento climático na cidade. A forte chuva, com enchente a alagamento, atingiu 864 residências e 139 estabelecimentos comerciais, trazendo transtornos diretos a cerca de 2.593 pessoas, além de comprometer a mobilidade da cidade afetando indiretamente a maior parte dos moradores, segundo informações da Defesa Civil do município.

Pensando na frequência e gravidade de tais eventos, em março de 2022 foi realizado na cidade o I Fórum Jauense das Águas – Soluções para a Bacia Hidrográfica do Rio Jaú, pelas Secretarias de Meio Ambiente e de Agricultura de Jahu, com o apoio da Câmara Municipal de Jaú, da TV Câmara, da Fatec Jahu, do Comitê da Bacia Hidrográfica do Tietê-Jacaré (CBH-TJ) e do Comdema Jahu.

Especialistas de diferentes áreas com conhecimento e atuação em hidrologia, drenagem urbana e rural, sistemas de monitoramento e alarme e manejo de bacias hidrográficas, debateram as questões e trouxeram possíveis soluções para amenizar os impactos negativos dos problemas. O evento também contou com a presença de prefeitos e técnicos dos municípios pertencentes à bacia hidrográfica do Rio Jaú, representantes dos moradores atingidos pela inundação, vereadores, representantes do setor rural e da agroindústria, ambientalistas, além de outros participantes interessados.

A principal motivação para a realização do encontro é que diante do quadro de mudanças climáticas, eventos meteorológicos extremos como o ocorrido, tendem a ser mais frequentes mais intensos, o que causa preocupação principalmente quando a vida dos moradores é diretamente afetada. 

Entre as sugestões de medidas a curto e médio prazo apresentadas, destacamos algumas:

– Dragagem e limpeza do Rio Jaú com a retirada de resíduos, árvores caídas na calha do rio, árvores com risco de queda, árvores mortas e outros materiais que possam atrapalhar o fluxo da água, reforçando que não devem ser suprimidas árvores sadias das margens, já que as raízes contribuem para aumentar a resistência dos taludes fluviais evitando desbarrancamentos.

– Elaboração do Zoneamento e Mapeamento de Risco de Inundações e Alagamentos da zona urbana de Jaú, classificando as áreas de acordo com a intensidade do fenômeno meteorológico.

– Criação de consórcio intermunicipal da Bacia Hidrográfica do Rio Jaú, com a participação das prefeituras e da iniciativa privada para tratar das ações estratégicas relacionados ao uso adequado e a ocupação ordenada do solo nas zonas urbanas e rurais da Bacia Hidrográfica do Rio Jaú.

– Estudo de viabilidade de implementação de parques alagáveis.

– Criação de uma comissão para acompanhar as ações de curto prazo e para discussão e planejamento das ações de médio prazo, com a função organizar e monitorar a execução das ações propostas. A comissão deve reunir secretarias e órgãos municipais relacionados ao assunto para permitir interação, sinergia, integração e cooperação na realização das ações.

0 respostas

Deixe uma resposta

Want to join the discussion?
Feel free to contribute!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *